Quantas ações ter na carteira

Quantas ações ter na carteira? Guia prático de diversificação sem complicação

Dicas Finanças Investimentos

Como montar uma carteira de ações diversificada de verdade, sem exagerar na quantidade e sem perder tempo com pulverização inútil.

Se você já se perguntou quantas ações ter na carteira para investir no longo prazo, não está sozinho. A boa notícia é que a resposta não exige matemática avançada, mas sim entender alguns princípios simples de diversificação, risco e estratégia. Neste artigo, você vai aprender qual é o número ideal de ações, como evitar o erro da pulverização, como adaptar a carteira ao seu perfil de investidor e como usar ETFs e BDRs para simplificar o processo.

Quando ter “um monte de ações” não significa estar seguro

Imagine o João.

Ele começou a investir há alguns meses, assistiu vários vídeos, leu algumas matérias e decidiu “ser prudente”: comprou ações de tudo que via pela frente. Em pouco tempo, estava com 40 ações na carteira. Na cabeça dele, isso era o auge da segurança:

“Quanto mais ações, mais diversificado, mais protegido… certo?”

Só que não.

Quando uma das ações subiu 80%, o impacto na carteira foi quase imperceptível. Quando outra caiu 40%, ele também mal sentiu. No fim, João tinha aquela sensação estranha de estar sempre mexendo na carteira, mas sem ver resultados concretos.

A real é que o problema do João não era falta de esforço. Era falta de estratégia.

Ao longo deste artigo, vamos mostrar por que não é a quantidade de ações que te protege, mas a qualidade da diversificação e onde entra, de forma prática, a pergunta:

Afinal, quantas ações ter na carteira para investir com foco no longo prazo?


Se este tema faz sentido para você, guarde bem alguns conceitos, porque eles vão se conectar lá no final do artigo.


O que significa diversificar de verdade?

Antes de decidir quantas ações ter na carteira, você precisa entender o que é diversificar, de verdade. Diversificar não é:

  • sair comprando qualquer ação “barata”;
  • ter 20 ações todas do mesmo setor;
  • encher a carteira de nomes que você mal acompanha.

Diversificar é:

  • combinar empresas de setores diferentes (bancos, energia, saúde, varejo, etc.);
  • misturar tamanhos diferentes de empresas (blue chips, mid caps, small caps);
  • buscar baixa correlação entre os ativos (ou seja, que não andem sempre na mesma direção);
  • equilibrar empresas de crescimento com pagadoras de dividendos.

Essa lógica está diretamente ligada à Teoria Moderna de Portfólios, criada por Harry Markowitz, que mostrou que o risco de uma carteira não é só a soma dos riscos individuais, mas como esses ativos se comportam juntos.

Quando você combina ativos que reagem de forma diferente aos ciclos da economia, você:

  • reduz o risco específico (de uma empresa ou setor);
  • suaviza a volatilidade da carteira;
  • mantém potencial de retorno interessante no longo prazo.

Quer aprofundar esse tipo de assunto? Depois, vale complementar a leitura com um conteúdo: Reserva de Emergência: Construindo Sua Fortaleza Financeira. O Guia Simples para 2025.


Investidor olhando para uma tela com gráficos, mas com diferentes setores destacados (bancos, energia, tecnologia, saúde).

Quantas ações ter na carteira? O que a ciência dos investimentos diz

Vamos direto ao ponto: diversos estudos em finanças apontam que entre 15 e 30 ações bem escolhidas já são suficientes para:

  • eliminar a maior parte do risco não sistemático (o risco específico de uma empresa ou setor);
  • manter uma carteira diversificada sem virar um “Frankenstein” impossível de acompanhar.

Pesquisas baseadas na Teoria Moderna de Portfólios mostram que depois de certo ponto:
Adicionar mais ações reduz muito pouco o risco, mas aumenta bastante o trabalho.

Estudos clássicos e livros como:

Demonstram que, ao sair de 1 para 10 a 15 ações, a queda de risco é enorme. Porém, ao passar de 30 para 50 ou 60 ativos, a redução de risco é mínima, quase irrelevante para o investidor comum.

Regra prática de ouro

  • Para a maioria dos investidores de longo prazo, 15 a 30 ações bem escolhidas formam uma carteira:
    • diversificada;
    • gerenciável;
    • com potencial de retorno sólido.

Ainda não acabou: mais adiante, vamos conectar isso com perfil de investidor, ETFs e BDRs.

Gráfico simples comparando número de ações x redução de risco, mostrando queda forte até ~20 ações e estabilização depois disso.

Exemplo prático: impacto real do número de ações

Vamos imaginar dois investidores com o mesmo patrimônio:

  • Patrimônio total: R$ 10.000

Investidor A: 20 ações

  • Valor médio por ação: R$ 500

Investidor B: 50 ações

  • Valor médio por ação: R$ 200

Se uma ação dobrar de preço (+100%):

  • Investidor A:
    • ganho em uma posição: R$ 500 → R$ 1.000
    • impacto na carteira: +5%
  • Investidor B:
    • ganho em uma posição: R$ 200 → R$ 400
    • impacto na carteira: +2%

Ou seja, quanto mais pulverizada a carteira, menor o impacto das boas decisões.
Você estudou, analisou, escolheu bem… e ganhou muito pouco porque sua posição era minúscula.

Pulverização: quando “diversificar demais” vira problema

A partir de um certo ponto, o que muitos chamam de “diversificação” vira na prática pulverização.

Pulverização acontece quando:

  • você tem tantas ações que não consegue acompanhar todas;
  • o capital fica tão dividido que nenhuma posição é relevante;
  • o resultado final da carteira se torna mediano, mesmo com alguns acertos excelentes.

Além disso:

  • você gasta mais com custos de corretagem (quando existem);
  • perde tempo acompanhando dezenas de balanços;
  • corre o risco de ter uma carteira que parece um índice… mas sem a eficiência de um ETF.

Um estudo da Stanford (“The Inefficiency of Over-Diversification”) discute justamente esse ponto: exagerar na diversificação pode tornar a carteira ineficiente, misturando ativos demais sem ganho proporcional de estabilidade.


Se este ponto fez sentido, você vai gostar especialmente da parte em que falamos de ETFs e BDRs como atalhos inteligentes.


Tela de computador com dezenas de gráficos confundindo o investidor, que está com cara de sobrecarga de informação.

Quantas ações ter na carteira em cada perfil de investidor?

A resposta sobre quantas ações ter na carteira também depende do seu perfil de risco e do seu momento de vida.

Investidor conservador

  • Foca em empresas sólidas, grandes, com histórico consistente de resultados e dividendos.
  • Prefere menos volatilidade e mais previsibilidade.

Faixa sugerida:

  • Cerca de 12 a 18 ações de altíssima qualidade.

Investidor moderado

  • Aceita um pouco mais de volatilidade em troca de maior potencial de retorno.
  • Mistura empresas estáveis com algumas small e mid caps.

Faixa sugerida:

  • Aproximadamente 18 a 25 ações.

Investidor arrojado

  • Tolera fortes oscilações.
  • Inclui small caps e setores mais cíclicos.
  • Busca crescimento acima da média.

Faixa sugerida:

  • Entre 25 e 30 ações.

Independentemente do perfil, lembre-se: 30 ações bem pensadas costumam ser bem melhores do que 50 compradas “no impulso”.

Três perfis de investidores lado a lado (conservador, moderado, arrojado) com ícones ou gráficos diferentes.

Diversificar não é só quantidade: setores, tamanho e geografia

Agora vem a parte em que a diversificação fica realmente interessante: como você combina os tipos de ativos.

Blue chips, mid caps e small caps

  • Blue chips: empresas gigantes, consolidadas, com grande liquidez e normalmente boas pagadoras de dividendos.
    • Ex.: grandes bancos, empresas de commodities, grandes varejistas listadas.
  • Mid caps: empresas de porte médio, com equilíbrio entre crescimento e estabilidade.
  • Small caps: empresas menores, em forte potencial de crescimento, mas com risco maior.

Uma carteira equilibrada pode, por exemplo:

  • 50% em blue chips
  • 30% em mid caps
  • 20% em small caps

Conforme seu perfil de risco, você ajusta essa proporção.

Diversificação por setores

Além do tamanho, é importante diversificar entre:

  • financeiro
  • energia/elétrico
  • saneamento
  • saúde
  • varejo
  • construção civil
  • tecnologia
  • commodities

Quando os juros sobem, por exemplo, bancos podem se beneficiar, enquanto varejo sofre. Quando o dólar dispara, exportadoras ganham, mas empresas dependentes de importação sentem a pressão.


Quer entender melhor como esses movimentos afetam seus investimentos? leia sobre: Como Fazer um Orçamento Familiar Simples e Eficaz para 2026. e Renda Fixa: O Guia Completo Para Investir com Segurança e Rentabilidade (Atualizado)


ETFs e BDRs: atalhos inteligentes para diversificar

Se escolher individualmente 20 ou 25 empresas parece trabalhoso demais, você não está sem saída. Existem dois aliados poderosos:

ETFs (Fundos de Índice)

  • São “cestas de ações” que replicam um índice.
  • Exemplo: BOVA11 replica o Ibovespa, que reúne as maiores empresas da bolsa brasileira.

Com uma única cota, você se expõe a dezenas de ações de uma vez.

BDRs (Brazilian Depositary Receipts)

  • Permitem investir em empresas estrangeiras sem mandar dinheiro para fora.
  • Você pode ter na carteira nomes como Apple, Microsoft, Amazon, Google, Tesla, etc.
  • Trazem diversificação geográfica e cambial, protegendo seu patrimônio de crises locais.

Se este tópico te interessou, você vai querer ver na sequência um conteúdo específico sobre BDRs e investimentos internacionais.

Infográfico com bandeiras do Brasil e dos EUA, representando ETFs e BDRs na mesma carteira.

Passo a passo: como montar sua carteira diversificada na prática

Para amarrar tudo, aqui vai um roteiro simples:

  1. Defina seu perfil de investidor
    – Seja honesto: quanto você aguenta ver a carteira oscilar sem perder o sono?
  2. Comece pequeno, mas com qualidade
    – Se seu capital ainda é baixo (R$ 1.000 a R$ 2.000), não tente ter 15 ações logo de cara.
    – Comece com 5 a 8 ações ou até um ETF.
  3. Escolha empresas de setores diferentes
    – Evite concentrar tudo em um setor apenas (como só bancos, ou só varejo).
  4. Combine tamanho e estratégia
    – Misture blue chips com algumas empresas de crescimento e, se fizer sentido, small caps.
  5. Defina um número-alvo de ações
    – Mirar entre 15 e 30 ações é um bom objetivo para o longo prazo.
  6. Aporte com consistência
    – Mais importante do que achar “a ação perfeita” é investir com regularidade.
  7. Monitore, não surte
    – Buy and hold não é “comprar e esquecer”.
    – É “comprar e monitorar”: conferir resultados, notícias, fundamentos.

Antes de seguir, compartilhe este artigo com alguém que está começando a investir e vive perguntando quantas ações deve ter na carteira. Vai ajudar muito mais do que só indicar um código de ação.


O que você deve guardar

  • A pergunta “quantas ações ter na carteira” é importante, mas não é só sobre número.
  • Entre 15 e 30 ações, bem escolhidas, você já atinge uma excelente diversificação.
  • Pulverizar demais pode diluir seus ganhos e aumentar o esforço desnecessariamente.
  • Ajuste o número de ações ao seu perfil de risco, patrimônio e tempo disponível para acompanhar.
  • Use ETFs e BDRs como atalhos inteligentes para diversificar com menos complicação.

Quer dar o próximo passo? Leia em sequência um artigo sobre :COMO VIVER DE DIVIDENDOS DO JEITO CERTO PARA 2026 ou Fundos Imobiliários (FII): o guia definitivo 2025 para começar a investir e receber renda todo mês no VidaTechFin e conecte a estratégia de ações com a construção da sua independência financeira.


Fontes


FAQ

Posso começar com poucas ações e ir aumentando depois?

Sim, e isso é até recomendado.
Com pouco capital, tentar ter 15 ou 20 ações logo no início pode gerar posições muito pequenas. Comece com 5 a 8 ações de qualidade (ou um ETF) e vá diversificando à medida que seus aportes crescem.

Ter 50 ações na carteira é sempre ruim?

Não necessariamente, mas para a maioria das pessoas isso é desnecessário e improdutivo. Exige muito mais tempo para acompanhar e, em geral, não reduz o risco de forma relevante em comparação com uma carteira bem montada de 20 a 30 ações.

Quantas ações ter na carteira usando ETFs?

Se você usa um ETF amplo (como um que replica o Ibovespa ou o S&P 500) como “base”, pode ter menos ações individuais, já que o ETF em si já é uma grande cesta.
Por exemplo:
1 ou 2 ETFs principais
5 a 10 ações individuais para focar em setores ou empresas específicas.

Preciso diversificar em renda fixa, FIIs e outras classes também?

Sim, a diversificação ideal vai além de ações.
Ter reserva de emergência, renda fixa, FIIs e eventualmente outros ativos ajuda a equilibrar ainda mais seu risco.

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